segunda-feira, outubro 15, 2007

Miguel Vieira não admite a existência de anorexia na moda nacional

O estilista português Miguel Vieira considera a anorexia um problema preocupante mas inexistente na moda nacional, enquanto a brasileira Isabela Capeto admite que é uma realidade na indústria do seu país
«Acho que se toca muito no assunto em relação à moda e isso faz-me um bocado de impressão, porque em Portugal não existe, mesmo», disse Miguel Vieira à agência Lusa, à margem da apresentação das colecções para a Primavera/Verão de 2008 na ModaLisboa/Estoril.«Na moda há manequins muito novas que ainda não têm os corpos totalmente formados, mas isso não significa que sejam anorécticas», acrescentou.No Brasil, segundo disse à Lusa Isabela Capeto, as coisas são bem diferentes. «As meninas começam a enlouquecer com esta história de serem magras. Todas querem ser iguais à Gisele Bundchen (manequim que vingou no mercado internacional). Muito mais do que em qualquer lugar, as mulheres querem todas ser como ela», contou.Miguel Vieira e Isabela Capeto concordam que o problema tem que ser combatido, mas não através das imagens «horríveis», como as que foram usadas numa campanha publicitária em Itália.A campanha da marca de moda Nolita chegou às ruas italianas em Setembro, num gesto de sensibilização para a anorexia, com imagens que mostram uma jovem nua, esquelética, com as palavras «Anorexia Não».«Acho uma campanha de muito mau gosto. Tem que haver uma sensibilização, mas não através daquelas imagens que são bastante chocantes», disse Miguel Vieira à Lusa.«Quando eu vi essa campanha fiquei super impressionada. É horrível, mas não acho que seja por isso que as pessoas vão começar a utilizar modelos gordas», afirmou, por seu lado, Isabela Capeto.Já a designer portuguesa Alexandra Moura considera que a campanha «faz sentido». «O extremo da magreza não é nada estético, e se as imagens funcionarem para que as pessoas ganhem consciência do problema, é muito bem-vinda», disse à Lusa.Alexandra Moura considera que quando o assunto é a anorexia, a moda acaba por «levar por tabela», por ser uma área mediática em que o manequim é figura central.«Se calhar os manequins têm de ser magros, mas aquela magreza normal. Não deixam de ter curvas, peito e ancas, até porque a roupa não faz sentido se não houver formas, volumes», acrescentou.Isabelle Caro, francesa, pesa apenas 31 quilos e é o rosto da campanha da marca Nolita, que acolheu a ideia original do fotógrafo Oliviero Toscani, conhecido pelos seus trabalhos chocantes para a Benetton.A campanha publicitária, que coincidiu com a Semana da Moda Feminina de Milão, foi apoiada pelo Ministério da Saúde italiano.

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