Madrid só aceita modelos com ar «saudável». Milão pode fazer o mesmo

Os organizadores da Semana da Moda de Madrid impuseram este ano uma proibição inédita: modelos demasiado magras não poderiam participar nos desfiles. Segundo a Reuters, a medida, que pode ser adoptada por outros eventos de todo o mundo, deixou modelos e agências revoltadas.
30 por cento das modelos que participaram da semana de moda do ano passado foram rejeitadas por terem pouco peso.

Segundo a organização, objectivo é promover uma imagem de beleza e saúde e não o visual excessivamente magro, que habitualmente está presente nas passerelles, e que motiva protestos da opinião pública, por levar jovens e adolescentes a desenvolver distúrbios alimentares.
O governo regional de Madrid, que patrocina a semana de moda e impôs as restrições, disse que não atribui a anorexia aos estilistas e às modelos. Mas disse que a indústria da moda tem a responsabilidade de difundir imagens de corpos saudáveis. «A moda é um espelho, e muitas adolescentes imitam o que vêem na passerelle».
A autarca de Milão, Letizia Moratti, disse a um jornal italiano esta semana que vai procurar impor proibição semelhante na semana de moda da cidade, a não ser que seja encontrada uma solução para as modelos de aparência «doentia».
Cathy Gould, da agência de modelos Elite, de Nova Iorque, considera que a indústria da moda está a ser usada como bode expiatório de doenças como a anorexia e a bulimia.
«Acho isso ultrajante. Compreendo que queiram criar esse ambiente de mulheres belas e saudáveis, mas como fica a questão da discriminação contra a modelo e a da liberdade do estilista?», disse Gould, acrescentando que a iniciativa vai prejudicar profissionalmente as modelos que têm corpo naturalmente «esbelto como o de uma gazela».