segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Anorexia perde espaço na moda em Londres

O assunto já está se tornando cansativo, mas a verdade é que não dá para não deixar de falar: a polêmica com relação às medidas das modelos têm ofuscado os lançamentos das coleções de mais uma temporada de moda.A semana de moda de Londres terminou, e os comentários que dividem a mídia são a criatividade dos estilistas e os protestos ocorridos por conta da magreza das modelos. Do mesmo modo que se via manifestações para tentar parar guerras e salvar a camada de ozônio, viu-se na capital inglesa um ativismo dos consumidores em relação à estética da moda e suas implicações na saúde e auto estima.Semana passada em Londres, se via faixas e cartazes com as mensagens "Let them eat cake" (Deixem-nas comer bolo, em inglês) na porta de entrada de vários desfiles, numa alusão à suposta magreza forçada das modelos pela indústria da moda. Já há algum tempo pesquisas vêm indicando o grau de insatisfação das consumidoras com a ditadura da loura, alta e magra. O que não se esperava, no entanto, era o massivo engajamento da sociedade no movimento contra esse padrão controverso de beleza.Enquanto isso, a indústria da moda, ainda tonta com toda a polêmica e o consequente estrago na imagem, parece pensar devagar demais e tomar uma atitude oficial. A estratégia utilizada em Milão para tentar acalmar as consumidoras mais barulhentas, foi a escolha do desfile da marca Elena Miro, especialista em roupas para mulheres corpulentas, para dar início à semana de moda milanesa, no dia 17 passado. O que se viu na passarela foram modelos mais próximas da realidade, vestindo tamanhos 42 em diante.Para a empresa, o desfile mostrou a autêntica mulher mediterrânea, numa alusão a tão famosa cozinha italiana, rara na dieta das modelos. Dentre os mimos distribuídos para os convidados da primeira fila: muito chocolate.A assessoria de imprensa da marca declarou ainda que apesar da Elena Miro ser classificada como nicho de mercado pela mídia, sua grade de tamanhos, considerada grande para a média do mercado, corresponde à 35% das consumidoras italianas e à 50% das consumidoras norte-americanas. Apesar disso, não se pode esperar que os desfiles dos grandes nomes italianos que ocorrem até a próxima sexta feira (23) tragam o mesmo espírito, visto que para a maioria dos estilistas, magreza é sinônimo de elegância. Enquanto fica cada vez mais claro que a mudança estéticas ocorrerão em ritmo lento, ou a partir de resultados financeiros alcançados por iniciativas mais ousadas, a Espanha parece ter mesmo resolvido se colocar na frente da questão. Relembrando que foi na semana de moda de Madri na temporada passada que a polêmica teve início com a interdição de cinco modelos magras demais para desfilar no evento. Foi a primeira vez que o governo interviu diretamente na indústria espanhola de moda.Dando continuidade à iniciativa, foi anunciado que o governo espanhol também faz pressão na indústria local para uma melhoria na grade de tamanhos das roupas. Até o final de 2008 todos as peças comercializadas em território espanhol devem seguir tamanhos padronizados e corresponderem à realidade dos biotipos da população.De acordo com declarações oficiais, é grande a frustação dos consumidores ao entrar numa cabine de prova com uma pilha de roupas, e poucas servirem adequadamente. A frustação ainda é maior ao se procurar roupas de marcas diferentes. O Instituto Espanhol para o Consumidor medirá 8 mil espanholas com idade entre 17 e 70 anos, fornecendo os dados às empresas que terão se adequar à realidade. Visto que empresas como Zara e Mango estão comprometidas e dedicadas à causa, ações como a colocação de manequins corpulentas nas vitrines já está em implementação.Espera-se que as ações relativas a um corpo mais saudável e curvilíneo repercuta mundialmente não somente entre as mulheres e as meninas, mas que também seja mais que endossado pelas opiniões do sexo oposto.Mais do que isso, torcemos para que as coleções corpulentas vendam como água, e de uma vez por todas a moda se dobre à vontade do consumidor real.Fonte: Terra
21/02/2007 - 22:01

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