sexta-feira, junho 01, 2007

Quase 70% dos jovens são infelizes com o próprio corpo


Aos 17 anos, o estudante Luiz Miguel Moreira optou por tomar comprimidos inibidores de apetite para tentar atingir o peso desejado. Apesar de ter uma obesidade considerada leve, ele é irredutível ao afirmar que precisa mudar o próprio corpo. O estudante não está sozinho na busca por parâmetros de beleza que julga ser “ideal”. Segundo pesquisa da Secretária de Saúde do Estado, 67% dos jovens com idade até 20 anos está infeliz com as características do próprio corpo.A pesquisa foi realizada pelo hospital das Clínicas de São Paulo e descobriu através de entrevistas com pacientes que cada vez mais jovens se arriscam ao procurar atingir seus objetivos estéticos. Dos 45 entrevistados – com idades entre 10 e 20 anos – 67% afirmaram que estavam insatisfeitos com o próprio corpo e 37% disseram sentir vergonha em relação ao físico e baixa auto-estima. Moreira tem 1,80m e depois de seis meses tomando um inibidor de apetite manipulado está com 90 quilos. Apesar de já ter perdido 11, ele ainda quer perder mais 5 quilos. “Não me considero obeso, mas quero ficar com o corpo que tenho em mente. Faço academia, mas parece que sem essa ajuda não consigo perder peso”. Orientado por um médico, o jovem repete duas horas antes de cada refeição o ritual de ingerir dois comprimidos. “Quando eu atingir meu objetivo, eu paro”, afirma.A pesquisa revela que problemas com peso são os principais inimigos para os jovens. Entre os entrevistados, 60% das garotas têm como padrão de beleza mulheres magras e altas que aparecem nos meios de comunicação. Muitas chegam a deixar de fazer alguma refeição para tentarem perder peso.Segundo a endocrinologista Cássia Jurado, o número de jovens que procuram ajuda médica cresceu 10% nos últimos três anos. “Eles não querem adotar métodos saudáveis. A maioria quer fórmulas milagrosas, ignorando os efeitos colaterais que este tipo de medicamento pode gerar”.Pressão do grupo influencia decisãoO psicólogo Mariano Valência afirma que a pressão do grupo faz com que muitos jovens busquem mudanças para se enquadrarem ao perfil “exigido” por seus colegas. “Recebo jovens que acabam se tornando introspectivos porque sentem que são rejeitados por amigos. É um ditadura cruel, que pauta a vida como se não houvesse nada além da beleza”.Por seis meses a secretária Vânia Dantas, 18 anos, tomou remédios para se livrar das espinhas, que segundo ela geravam comentários maldosos dos colegas. “Fiz mais pelos outros do que por mim”, afirma. O cirurgião plástico José Mendes Jr. lida de perto com a vaidade dos jovens. Ele conta que certos pacientes chegam a brigar por terem pressa em serem submetidos a algum procedimento. “Mais do que mudanças estéticas, percebo que todos estão procuram bem-estar. Já recebi pacientes de 13 anos que queriam fazer lipoaspiração. Este é um período em que o corpo está passando por mudanças e cabe ao profissional da área esclarecer estas questões”.A apresentadora sorocabana Amanda Bello, 20, se empenhou em guardar dinheiro para colocar próteses de silicone nos seios. Na mesma operação, aproveitou para corrigir as orelhas de abano. “Eu queria operar desde novinha e decidi fazer com 18 anos. Gosto de me olhar no espelho e ver as roupas caindo bem”.Amanda afirma no entanto, que na busca pela boa forma chegava a se alimentar apenas com barras de cereal e água. “Cheguei perto de desenvolver uma anorexia. Não foi algo intencional, mas perdi gradativamente passei a comer menos. Por sorte, percebi a tempo”.

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