Distúrbios alimentares afectam um rapaz por cada 10 raparigas

Anorexia e bulimia entre os principais casos

Os distúrbios alimentares afectam pelo menos um rapaz por cada dez raparigas, revelam as estimativas internacionais dos centros de tratamento. Alguns especialistas consideram no entanto que estes valores estão aquém da realidade.

De acordo com Paulo Machado, vice-presidente do Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar (NDCA), a desconfiança dos especialistas relativamente às estimativas resulta do facto de muitos rapazes não assumirem problemas habitualmente associados ao universo feminino, como a bulimia e a anorexia. A diferença entre géneros poderá ser explicada por vários factores, como o desenvolvimento mais precoce das raparigas, a sua vivência emocional e afectiva ou pelo simples facto de serem mulheres, segundo Abel Matos Santos, também membro do NDCA. Os dois especialistas garantem que não há um único factor que possa explicar os distúrbios que podem surgir de uma multiplicidade de factores relacionados com a “vulnerabilidade do desenvolvimento e adaptação dos adolescentes à vida adulta”, segundo Abel Santos Matos, ou com “vulnerabilidades genéticas, factores biológicos ou ambientais”, lembrou Paulo Machado. As imagens dadas pela moda poderão ser outra das causas dos distúrbios alimentares que estiveram terça-feira em debate no Congresso Ibérico de Distúrbios Alimentares, em Lisboa, e estarão outra vez em discussão quinta e sexta-feira na Alfândega do Porto, durante o Congresso Europeu, que tem hoje à tarde a abertura oficial. As principais perturbações alimentares são a anorexia, dietas demasiado rígidas para perder peso, a bulimia e as crises de voracidade alimentar, que consistem na ingestão descontrolada de comida responsável pelo aumento de peso e pela obesidade. Os números indicam que nos últimos 20 a 30 anos a anorexia tem estabilizado e os casos de bulimia têm diminuído. Com Lusa